terça-feira, 22 de novembro de 2016

TROMBOCITOPENIA

Ocorre devido a 5 mecanismos distintos:

1. Pseudotrombocitopenia
Falsa contagem pelo aparelho
Ocorre na presença de paraproteinemias (componente M): níveis aumentados de IgG, IgA e IgM induzem agregação no momento da coleta, principalmente se EDTA é utilizado

2. Destruição acelerada
Causa mais comum de trombocitopenia
Mecanismos imunes – maioria dos casos: púrpura imune idiopática; púrpura trombocitopênica imune relacionada ao LES, HIV ou induzida por drogas
Mecanismos não imunes: púrpura trombocitopênica trombótica, síndrome hemolítico-urêmica, CIVD

3. Diminuição da produção pela medula óssea
Anemia e ou granulocitopena: mielodisplasias, anemia aplásica

4. Trombopoiese ineficaz
Carência de vitamina B12 ou ácido fólico

5. Distribuição anormal
Aumento do baço (hiperesplenismo): sequestro
Trombocitopenia dilucional: transfusão maciça de concentrado de hemácias
Trombocitopenia induzida por hemodiluição: recepção de mais de 8 unidades de sangue em 24h. Transfusão de plaquetas está indicada se houver sangramento microvascular (perioperatório ou mucoso), ou se houver trombocitopenia < 50.000

Púrpura Trombocitopênica Idiopática
Na forma imune, as plaquetas são destruídas de forma prematura na circulação, como resultado de autoanticorpos ou imunocomplexos
Se desordem responsável pela formação dos anticorpos é conhecida, denomina-se como PRI secundária. Ex.: LES, HIV, Linfomas não hodgking
PTI idiopática: nenhuma condição é identificada
Anticorpos são direcionados para os sítios da glicoproteína IIb/IIIa
Vida média das plaquetas de 7 a 10 dias passa para algumas horas, levando a expansão megacariocítica na medula

Forma infantil (aguda): presença de trombocitopenia em período < 6 meses
Resolução espontânea em 90% dos casos
Pico de incidência entre 2 e 6 anos
Ocorrência após infecção viral respiratória ou exantemática
Plaquetas < 20.000 sem sangramento
60% das crianças recuperam contagem em 4 a 6 semanas; 90% em 3 a 6 meses

Forma do adulto (crônica): mais comum em mulheres (3:1), entre os 20 e 40 anos
Início insidioso, história de sintomas hemorrágicos de gravidade variável
Sem antecedentes de infecção e não há esplenomegalia
Manifestações clínicas: gravidade da hemorragia relacionada com contagem de plaquetas
·         10.000 a 30.000: manifestações hemorrágicas de gravidade variável
·         < 10.000: sangramentos que põem em risco a vida
Sangramento sob forma de petéquias, equimoses, sangramento gengival e bolhas hemorrágicas, epistaxe
Sangramento menstrual excessivo; sangramento genitourinário (rim ou bexiga); sangramento intestinal (melena)
Diagnóstico: de exclusão
Considerado em < 50.000 e
1 – esfregaço periférico com nº reduzido de plaquetas, ausência de esquizócitos, blastos ou outro achado que aponte para outra etiologia da plaquetopenia
2 – ausência de causas secundárias de PTI
Aspirado de medula óssea: afastar demais causas
Pesquisa de anticorpos antiplaquetários não é realizada
Achados laboratoriais: plaquetas aumentadas de volume (MOV > 12fL), índice de anisocitose de plaquetas (PDW) elevado

Tratamento:
Forma infantil
Comumente autolimitada
Criança < 30.000 e com sangramento mucoso (“úmido”): prednisona 2mg/kg/dia por 2 a 4 semanas
Forma adulta: Tratamento em todos entre 20.000 ou 50.000 com sangramento
Corticoide:
Prednisona 1mg/kg/dia por 4 a 6 semanas, seguida de redução paulatina por 4 a 6 semanas
Resposta ao corticoesteroide em 70% dos casos
Maioria volta a fazer plaquetopenia após redução ou retirada do corticoide. Se não houver sangramento e plaquetas estiverem acima de 20.000, podem ser apenas observados
Esplenectomia:
·         Eletiva: pacientes que reagem durante diminuição da dose de prednisona e naqueles menores que 20.000 a 30.000 por um período de 3 meses
·         Urgência: indivíduos com plaquetopenia grave (< 10.000) que não respondem à terapia esteroide nas primeiras 6 semanas
Procedimento melhora contagem de plaquetas e mantém remissões duradouras em 50 a 80% dos casos, com plaquetometria > 100.000

Imunoglobulina Venosa e Anti-D (RhoGAM)
Imunoglobullina venosa polivalente 1g/kg/dia em 2 dias sucessivos: empregada de forma aguda em sangramentos incoercíveis ou pré-operatórios
Terapia de maior eficácia a curto prazo, tendo rápido início de efeito
Imunoglobulina ocupa os receptores Fc-gama da membrana dos histiócitos, evitando a fagocitose das plaquetas sensibilizadas
Anticorpo anti-D (para pacientes Rh +) IV ou IM 50-70 mcg/kg/dia
Opsoniza membrana dos eritrócitos ocupando também os receptores Fc dos macrófagos esplênicos

PTI Refratária
Trombocitopenia < 50.000 por mais de 3 meses, apesar da esplenectomia
Se sangramento ou plaquetas < 20.000: esquema com ‘pulsos’ de dexametasona 10-40mg/kg/dia por 4 dias a cada 4 semanas, mantendo prednisona 10mg/dia entre elas
Rituximab pode ser oferecido aos casos refratários ao corticoide – resposta em 50%; inibe os linfócitos B, levando redução da produção de IgG
Transfusão de plaquetas: não indicada inicialmente; alguns estudos corroboram em casos de plaquetopenia grave sintomática

PTI Secundária
PTI induzida por drogas: reação indiossincrásica
Caso da quinidina: autoanticorpo dirigido contra a droga reage também contra a glicoproteína IIb/IIIa na membrana plaquetária
Heparina: mediada pela formação de anticorpos contra o complexo heparina fator 4 plaquetário; ocorre entre 5 e 15 dias após início da heparinização, geralmente cursando com contagem plaquetária entre 50.000 e 100.000, voltando ao normal poucos dias após suspensão da droga
Quadro clínico: manifestações hemorrágicas graves – sangramento e bolhas hemorrágicas em membranas mucosas, petéquias e equimoses
Tratamento: suspensão da droga

Trombocitopenia gestacional: mecanismo não bem conhecido; participação imune em alguns casos
PTI no LES: curso comparado à PTI crônica, com medidas terapêuticas similares
PTI no HIV: 40% dos pacientes infectados; destruição imune é o mecanismo implicado
Tratamento: zidovudina (AZT); corticoides devem ser evitados devido à complicações comuns

Outras causas
Doenças linfoproliferativas
Infecções virais – dengue, CMV, Epstein Barr, parvovírus B19, vírus da caxumba e rubéola
1.       Formação de Ac contra o vírus reagem com elementos da membrana da plaqueta
2.       Deposição na membrana do complexo Ac-Ag-viral
3.       Invasão viral dos megacariócitos na medula óssea
4.       Partículas virais inibindo trombopoiese
5.       Hemofagocitose induzida por vírus
Infeções por protozoários – malária
Infecções bacterianas – leptospirose, riquetsiose, meningococcemia, sepse

Púrpura trombocitopênica trombótica
Representa o grupo das microangiopatias trombóticas difusas, do qual também participa a CIVD
Caracterizada pela oclusão trombótica disseminada da microcicrulação, levando à síndrome de anemia hemolítica microangiopática, trombocitopenia, sintomas neurológicos, febre e insuficiência renal
Mulheres (2:1); 20 – 40 anos
Fisiopatologia está na injúria endotelial – endotélio liberam fatores que ativam as plaquetas (FvWB), induzindo aglutinação
Outro mecanismo – deficiência adquirida de ADAMST-13, uma metaloproteinase endógena responsável pela clivagem dos multímeros de alto peso molecular do FvWB
Microtrombos formados nas arteríolas terminais e na rede capilar levam à isquemia de múltiplos órgãos, consumo de plaquetas e lise de hemácias com formação de esquizócitos
Manifestações clínicas: doença definida pela pêntade (40% dos pacientes)
1.       Anemia hemolítica
2.       Trombocitopenia
3.       Sintomas neurológicos
4.       Febre
5.       Insuficiência renal
Primeiros sintomas: mal estar e fraqueza, seguidos por quadro neurológico variável; febre presente em 50% inicialmente
Exame físico: púrpura (petéquias e equimoses), mucosas descoradas e ligeiramente ictéricas
Laboratório: Anemia, leucocitose neutrofílica moderada com algum desvio para esquerda, plaquetas < 50000
Presença dos critérios de hemólise: reticulocitose acentuada, policromatofilia, aumento de LDH, aumento de BI, queda da haptoglobina
Por ser intravascular, é comum a hemoglobinúria e hemossindenúria
Esfregaço demonstra esquizócitos (fragmentos de hemácia)
EAS mostra hematúria e proteinúria
Bioquímica: azotemia discreta e alteração das enzimas hepáticas podem ser encontradas
Diagnóstico: clínico, confirmado com biópsia (pele, gengiva, medula óssea) em 50% dos casos; achado característico – depósitos hialinos subendoteliais
Tratamento e prognóstico:
Plasmafarese: realizada retirando-se diariamente todo o plasma do paciente (40ml/kg), trocando-o por unidades de plasma fresco congelado; realizar trocas até completa estabilização do paciente e normalização dos exames laboratoriais; Período médio de 10 dias
Pacientes com recidiva podem ser tratados com novo curso de plasmaferese; casos refratários ou recidivantes exigem terapia alternativa (plasmaferese com criossupernadante, vincristina e esplenectomia)

Outras Púrpuras Microangiopáticas
Síndrome hemolítico urêmica
CIVD

Síndrome HELLP

COMPLICAÇÕES CIRÚRGICAS

Considerações iniciais
Um bom preparo pré-operatório: auxílio do especialista
Período intraoperatório: antibioticoprofilaxia, manipulação cuidadosa dos tecidos, tempo cirúrgico
Período pós-operatório: avaliação constante

FEBRE NO PÓS OPERATÓRIO
Desordem hipotalâmica da termorregulação
Temperatura axilar 36,2 a 37,2ºC – Febre > 37,7ºC
Patogênese: pirogênios exógenos e endógenos (IL6, TNFa, IFNg)
Hipotálamo sintetiza PGE 2 e PGE 2A
Vasoconstrição periférica: abalos musculares – termogênese

Causas de febre


Uso de drogas e hemoderivados (incompatibilidade dos sistema ABO/Rh)
Cateteres e drenos
Flebites e trombose venosa
Celulite
Peritonite
Sinusite
Infecção da ferida operatória
Infecção urinária
Pneumonia/ atelectasia
Parotidite supurativa


A.      Febre intra operatória
B.      Febre nas primeiras 24h
C.      Febre entre 24 – 48h
D.      Febre após 72h

DESORDENS DA TERMORREGULAÇÃO
Hipertermia Maligna
Relacionado a alteração cromossômica dominante
Exposição a agentes anestésicos
- Bloqueadores despolarizantes
- Agentes inalatórios halogenados
Substâncias favorecem a liberação de cálcio muscular, gerando contração muscular mantida, levando a rabdomiólise, hemoglobinúria, hipercalemia, produção de calor exacerbada

Tratamento
Interromper o agente anestésico deflagrador
Hiperventilar o paciente com O2 a 100%
Administrar anestesia alternativa
Interromper a cirurgia assim que possível
Dantrolene 2,5mg/kg em bolus a cada 5 minutos, após, infusão contínua de 1 a 2mg/kg/h até cessar o evento
Uso de cobertores térmicos, compressas geladas e infusão de líquidos parenterais frios
Tratamento da acidose
Controle de arritmias com betabloqueadores e lidocaína
Promover aumento do débito urinário com furosemida e manitol
Glico-insulino terapia
Monitoramento dos eletrólitos e gases arteriais

Hipotermia


TC < 35ºC
Disfunção plaquetária e fatores da coagulação
Aumento risco de infecção
Piora da cicatrização
Redução de O2 tecidual
Aumento do tônus simpático
Arreflexia
Broncorreia – EAP
Hipotensão
Bradicardia
ECG – onda J de Osborne
Arritmias ventriculares degenerando em assistolia



Mecanismos de regulação


Resposta hipotalâmica
Aumentar a geração de calor
Aumento da contratilidade muscular
Elevação dos hormônios tireoideanos
Elevação de cortisol
Elevação de catecolaminas



Medidas preventivas e terapêuticas


Manta térmica
Líquidos infundidos aquecidos
Temperatura da sala adequada



COMPLICAÇÕES DA FERIDA OPERATÓRIA
Seroma
Acúmulo de soro e linfa no tecido celular subcutâneo
Lesão benigna: acúmulo pela reação local
Geralmente ocorrem em grandes descolamentos subcutâneos
Tratamento: esvaziamento por aspiração ou em grandes volumes retirada de pontos de sutura e esvaziamento do líquido (dreno, por exemplo); Drenagem por pressão negativa

Hematomas
Acúmulo de sangue no tecido celular subcutâneo
Benignas, porém cursam com dor por questões irritativas (hemácias)
Compressão e infecção
Geralmente ocorrem em grandes descolamentos subcutâneos
Volume
Prevenção: drenos de pressão negativa
Tratamento: tratar infecção, se presente; esvaziamento da coleção sanguínea e fazer hemostasia do vaso, se necessária

Deiscência da ferida operatória
Separação dos folhetos músculo - aponeurótico
Ocorre em aproximadamente 1 a 3% das cirurgias abdominais
Mais frequentemente entre o 4º e 10º dia do pós operatório
Saída de secreção rósea ou salmão pela ferida operatória na ausência de manifestações do tipo febre alta e sinais peritoneais
Causas:


·         Técnica cirúrgica incorreta no fechamento de aponeuroses e fáscias
·         Cirurgia de emergência
·         Infecção intra-abdominal
·         Idade avançada
·         Infecção de ferida, hematoma, seroma
·         Pressão intra-abdominal elevada
·         Obesidade
·         Uso crônico de glicocorticoide
·         Episódio anterior de deiscência
·         Desnutrição
·         Radioterapia ou quimioterapia
·         Doença sistêmica (uremia, DM)



Infecção do sítio cirúrgico
Complicação mais comum do pós operatório
40% de todas as infecções nosocomiais em pacientes cirúrgicos
Define- se como a infecção que ocorre na incisão cirúrgica ou tecidos manipulados, dentro de 30 dias a 01 ano (no caso de colocação de próteses) após o ato operatório
Manifesta-se comumente entre 5 e 6º dias de pós operatório. Bom prognóstico1
Pode variar desde infecções superficiais, da pele e subcutâneo, passando por infecções mais profundas, da parede abdominal, fáscias e planos musculares, chegando a infecções de órgãos ou cavidades
Etiologia mais comum do processo: infecção urinária (não relacionada diretamente à cirurgia)
Microrganismos mais envolvidos em ISC são aqueles que colonizam a pele (S. aureus, S. coagulase negativo) ou seja, fazem parte da flora bacteriana do paciente

Fatores de risco
Necessário que o cirurgião retire os pontos e explore a ferida manualmente, para avaliar se a infecção está limitada à pele e tecido celular subcutâneo, ou se estende a tecidos profundos (fáscia e músculo)
Tratamento: irrigação diária, drenagem do material purulento, e desbridamento
Após manipulação, cobre-se a ferida com gaze umedecida em soro fisiológico e completa o curativo com camada mais superficial de gaze seca
Devem ser prescritos antimicrobianos em casos superficiais caso o paciente apresente manifestações sistêmicas de infecção (febre) ou presença de celulite de ferida operatória, e/ou repercussões sistêmicas

COMPLICAÇÕES GASTROINTESTINAIS
Deiscência da anastomose: abertura de víscera oca; situação grave
Fístulas gastrointestinais
Obstrução intestinal: mecânica (tração, aderências) ou funcional (manipulação, distúrbios hidroeletrolíticos)

Deiscência da anastomose
Definição: separação de dois tecidos com extravasamento do conteúdo
Anastomoses primárias: traumas importantes, neoplasias, radioterapias
Solução de continuidade
Extravasamento
Alta gravidade
Fatores de risco: desnutrição, técnica cirúrgica, estado de saúde do paciente, comorbidades, aumento da pressão intra-abdominal (tosse, etc)

Fístulas gastrointestinais
Definição: Trajeto entre estruturas que levam à sua comunicação

Causas


Iatrogênicas após ato cirúrgico
Lesão inadvertida de víscera oca
Drenagem de abscessos
Deiscência de anastomose
Doença de Crohn
Enterite actínica: relacionada a doença inflamatória e fragilidade da parede
Ressecção de doença neoplásica
Ruptura do ducto pancreático – trauma



Classificação
Fístulas internas – enteroentéricas – enterovesical
Fístulas externas: 3 – 7 dias pós operatório
Alto débito: > 500ml/24h (50% dos casos)
Médio débito: 200 – 500ml/24h
Baixo débito: < 200ml/24h
Alterações clínicas
Distúrbios hidroeletrolíticos e ácido-básicos


·         Desidratação
·         Hipopotassemia
·         Hiponatremia
·         Tendência à acidose metabólica
·         Hipocalcemia
·         Hipomagnesemia
·         Hipofosfatemia


Pode ocorrer situações de sepse
Êntero cutâneas: resposta inflamatória (febre, taquicardia, taquipneia) no pós operatório, queda no estado geral e saída de conteúdo entérico pela ferida operatória, com sinais de irritação peritoneal possíveis

Evolução e tratamento


Fechamento espontâneo em 40 – 80%
Reposição hidro-eletrolítica
Antibioticoterapia
Dieta zero: diminuir produção de líquidos que podem inclusive afetar a fístula
Drenagem cirúrgica
Inibidores da bomba de prótons
Bloqueadores H2
Análogos da somatostatina: inibem secreção de determinadas substâncias intestinais
Intervenção cirúrgica



Obstrução intestinal
Resposta endócrino-metabólica ao trauma
Obstrução intestinal precoce (primeiros 30 dias após laparotomia) pode ter caráter funcional ou mecânico, sendo as causas funcionais as mais comuns
Estase: Estômago de 24 a 48h / Cólon de 48 a 72h
Íleo pós-operatório: não há fator precipitante, e o tempo de adinamia não ultrapassa 2 a 4 dias (catecolaminas e Opioides endógenos liberados na resposta ao trauma são os mediadores responsáveis pela atonia intestinal)
Íleo adinâmico (paralítico): obstrução se resolve de forma mais tardia, e geralmente se identifica distúrbios precipitantes, como hipocalemia, infecções, medicamentos, etc.

Causas


Pancreatite
Infecção intra-abdominal (peritonite ou abscesso)
Hemorragia e inflamação retroperitoneal
Anormalidades eletrolíticas
Cirurgia prolongada
Medicações (narcóticos e agentes psicotrópicos)
Pneumonia
Hipocalemia



Mecânicas (raras - <1%)


Bridas
Estudo radiológico e CT de abdome
Técnica cirúrgica
Equilíbrio metabólico hidro-eletrolítico
Cuidado com o uso de opiáceos
Alimentação: pobre em resíduos (facilita o trânsito e o estímulo a peristalse)
Nova intervenção cirúrgica



COMPLICAÇÕES CARDIOVASCULARES
Hipertensão Arterial
Níveis elevados estão associados a complicações gravíssimas (IAM, AVE)
Causas:


·         Laringoscopia
·         Sobrecarga de volume
·         Tração visceral
·         Hipotermia
·         Hipóxia
·         Dor


Tratamento:
·         Clonidina: bloqueador central
·         Dexmedetomidina: casos em que o doente precisa acordar de forma rápida
·         Esmolol
·         Labetalol
·         Nitroglicerina: situações graves
·         Nitroprussiato de sódio: situações graves

Infarto agudo do miocárdio
Principal causa de morte em idosos (30%) – 48h
Grave e silencioso
Manifestações hemodinâmicas: hipotensão, disfunção diastólica, congestão pulmonar
ECG: infradesnível de ST, onda T negativa
Troponina >1ng/ml
Tratamento: depende se transmural ou sem supra de ST => abordagem clínica para IAM; A depender da gravidade, angioplastia primária

COMPLICAÇÕES PULMONARES
25% das complicações em pacientes cirúrgicos
Redução da capacidade residual funcional
Capacidade vital pode estar reduzida em até 50% nas primeiras 48h: para operações diafragmáticas
Tempo de anestesia: alguns agentes anestésicos acabam por endurecer o tórax, diminuindo a complacência pulmonar
DPOC

Atelectasia e Pneumonia


Evento mais comum
Pode causar febre
Prevenção: fisioterapia no pós operatório e boa ventilação durante ato anestésico
Pneumonia



Broncoaspiração


Pneumonite – Pneumonia – SDRA (irritação das estruturas alveolares)
Síndrome de Mendelson
Reflexos diminuídos
Alterações do esfíncter esofagiano inferior
Gastroparesia
Cirurgia de emergência
SNG



Edema pulmonar e SDRA
Hipovolemia e congestão
Hipoxemia
Monitorização hemodinâmica
Barreira alvéolo-capilar
Exudato inflamatório – citocinas
Morte de pneumócitos I – membrana hialina
Shunt: áreas perfundidas e não ventiladas x áreas ventiladas e não perfundidas
Lesão do pneumócito II: falha na produção de surfactantes
Tratamento: tratamento do pulmão em choque – ventilação de volume controlado; mecanismo protetor alveolar – FiO2 a 60%; pressão de admissão não ultrapassar 40cmH2O e pressão de platô não ultrapassando 30cmH2O
Tromboembolismo pulmonar
Tromboembolismo venoso – TVP
5 a 10% dos óbitos hospitalares
Exame clínico: sibilos pulmonares, alterações hemodinâmicas por grandes obstruções da vasculatura
Profilaxia: bombas de compressão periférica (botas pneumáticas), meias de compressão elásticas, heparina de baixo peso molecular 40mg a cada 24h (começada antes do ato operatório)
Pode se estender a terapia para o domicílio
Caprini – modified caprini risk assessment model for VTE in general surgical patients
Risco de complicações pulmonares:

CONSIDERAÇÕES ADICIONAIS
Medicamentos
Anticoagulantes
Cumarínicos (warfarin): 5 dias + solicitar INR
HNF: 6h antes + 24h depois (meia vida mais curta)
HBPM: 24h antes e 24h depois
Emergência: se o paciente utilizar cumarínico (warfarin) ->  plasma fresco 15mg/kg 1h antes + vitamina K; Se utilizar heparina não fracionada -> Protamina 1mg: 100U HNF

Antiplaquetários
AAS: Manter no alto risco em 100mg
Suspender 7 a 10 dias no baixo risco + cirurgias
Clopidogrel: 5 dias
Tienopiridínico: 5 dias
AINES: 3 dias

Antidiabéticos orais e insulinas
Todos devem ser suspensos na manhã da cirurgia (exceção da metformina – suspender 24h antes – aumenta risco de acidose lática no perioperatório)
HGT 6/6h + insulina regular esquema
Glicemia em torno de 140 e< 180mg/dL
NPH: 2/3 dose a noite+ ½ na manhã
Glargina: 30 a 50% noturna

Estrogênio + Tamoxifeno
Risco de tromboembolismo
Suspenso 4 semanas antes

Mantidos na cirurgia
Anti-hipertensivo, estatina, beta-bloqueador, corticoide, broncodilatador e medicamentos psiquiátricos em geral

Tricotomia e Preparo da Pele
Não fazer tricotomia na véspera do procedimento: aumento em 100% do risco de infecção
Realizar minutos antes do procedimento

Cateterismo
Cateter vesical


·         Monitorização da perfusão
·         Procedimento longo
·         Cirurgia pélvica
·         Cirurgia urológica


Sonda nasogástrica (em casos de riscos de episódios eméticos de repetição)  


·         Esvaziamento lento
·         Estenose de piloro
·         Obstrução intestinal
·         Emergência



Antibioticoprofilaxia
Cirurgia limpa (classe I): sem indicação de antibioticoprofilaxia. Exceções: uso de próteses e cirurgias de alto risco (neurocirurgia e cardíaca)
Cirurgia limpa- contaminada (classe II) e contaminada (classe III): Profilaxia recomendada – cefazolina 1g IV na indução anestésica – manter no máximo 24h (germes de pele – S aureus)
Exceções: íleo terminal, cólon e reto -  Ciprofloxacino / gentamicina + metronidazol (cobertura de gram negativos + anaeróbios)
Cirurgia infectada – suja (classe IV): Realizar tratamento. Não esquecer da investigação com cultura + antibiograma. Antibióticos mantidos após 24h

Suporte Nutricional
Quando indicar?
Perda ponderal > 10% em 6 meses
Perda ponderal > 5% em 1 mês
Previsão de jejum > 7 dias (pós – operatório; ex: esofagectomia)
Pacientes instáveis hemodinamicamente não devem receber suporte nutricional. O suporte enteral na vigência de instabilidade hemodinâmica pode predispor à isquemia intestinal
Quais proteínas refletem o status nutricional?
Pré-albumina: meia vida de 3 a 5 dias (mais sensível)
Transferrina: 7 dias
Albumina: 14 a 18 dias (< 2,5g/dL)

Quais são os tipos de suporte nutricional?
Nutrição enteral (melhor escolha): 4 semanas para efetividade
Nutrição parenteral (alternativa): 7 a 10 dias – diversas complicações (hiperglicemia, distúrbios hidroeletrolíticos, aumento do risco de sepse)

Avaliação Hematológica
Quando indicar transfusão sangue pré- operatório
Hb < 6g/dl
Hb entre 6 e 10g/dl + comorbidades (doença isquêmica sintomática, doença cerebrovascular prévia)
Hb entre 6 e 10g/dl + previsão de sangramento (cirurgias cardíacas, torácicas, oncológicas de grande porte, etc)

Distúrbios plaquetários e transfusão de plaquetas
História de sangramento na anamnese
Plaquetas < 50.000/mm³
Doença de von Willeband (ADH intranasal ou IV)

Profilaxia de tromboembolismo
Para todos os pacientes
Deambulação precoce, meias compressivas e HBPM