segunda-feira, 21 de novembro de 2016

DIARREIA AGUDA

Definições
- Diarreia aguda
  . aquosa
  . disenteria: com muco e sangue
- Diarreia persistente: dura mais que 14 dias

Etiologia – Diarreia aguda aquosa
- Rotavírus: principal agente causador em crianças menor que dois anos de idade
- ETEC (E. coli enterotoxigênica): atuam via enterotoxinas
- EPEC (E. coli enteropatogênica)
- Vibrião colérico: último surto no Brasil na década de 90. De lá para cá, praticamente ausente no Brasil
Inibem a absorção de água e eletrólitos
Contato direto com o epitélio, ou produção de enterotoxina

Etiologia – Disenteria
- Shigella (mais comum)
- Campilobacter
- EIEC (enteroenvasiva)
- EHEC (enterohemorrágica)
- Salmonella

Avaliação do Paciente
Estados de Hidratação - Conduta
Sem desidratação: alerta, sede normal, perda de peso menor que 3%, alerta, sede normal, TEC > 3 segundos, pulsos normais, olhos normais, lágrimas presentes, mucosas úmidas, sinal da prega desaparece rapidamente

Desidratado (leve ou moderada): irritado, sede aumentada, perda de 3 a 9%, irritada, sedenta, TEC 3 a 5 segundos, olhos fundos, lagrimas ausentes, mucosas secas, pulsos débeis, sinal da prega desaparece lentamente

Desidratação grave: comatoso, perda de maior ou igual a 10%, letárgica, incapaz, TEC > 5 segundos, olhos muito fundos, lágrimas ausentes, mucosas muito secas, pulsos muito débeis, sinal da prega desaparece muito lentamente (> 2 segundos); para ser considerado nessa categoria, é necessário ter dois dos parâmetros acima, sendo que um necessariamente deve ser sede, sinal da prega, pulsos ou enchimento

Tratamento
Sem desidratação: Plano A
Desidratado: Plano B
Desidratação grave: Plano C

Plano A – Evitar desidratação
Soro caseiro após evacuação diarreica (solução glicosalina -  entre 40 e 50 mEq/L de Na+)
 1 copo de água fervida ou filtrada de 200ml + 1 pitada de sal + 1 punhado de açúcar (8:1)
  • ·         < 1 ano: 50 a 100 ml
  • ·         >1 anos: 100 e 200 ml
  • ·         ou 10ml/kg
  • ·         Adolescentes: à vontade

Aumentar ingesta hídrica
Manter dieta habitual da criança
Orientar sinais de perigo: sonolência, irritabilidade, etc.
Reavaliação em 24 – 48h

Plano B – Terapia de Reidratação Oral (Solução reidratante oral)
  • ·         75 mMol/L de sódio
  • ·         75 mMol/L de glicose
  • ·         245 mMol/L (total)

Realizada na unidade de saúde
Pesar
RRO:  50 a 100 ml/kg em 4 a 6h
Reavaliação contínua -  ganho de peso, sinais de desidratação, diurese
Suspender dieta, exceto leite materno
Alta com plano A (ou seja, quando criança está reidratada)
   . Pacotes de solução reidratação oral


Indicações de Gastróclise (Via SNG) – Falha da solução de reidratação oral
·         Recusa persistente da SRO
·         Vômitos persistentes (maior ou igual a 4 episódios/hora)
·         Distensão abdominal acentuada (peristalse positiva)
·         Perda de peso após duas horas de TRO*
Sonda nasogástrica: volume de 20 a 30 ml/kg/h
Falha da gastróclise: hidratação EV

Plano C – Hidratação venosa
Ringer Lactato ou SF (NaCl 0,9%) – 100ml/kg
·         < 1 ano (6h): 30ml/kg em 1h + 70ml/kg em 5h
·         >1 ano (3h): 30ml/kg em 30 minutos + 70 ml/kg em 2 horas e meia
Iniciar TRO tão logo possível: 5ml/kg/h
Reavaliação após 3 a 6h

Suplementação de Zinco
Vantagens
Reduz a duração e gravidade
Diminui o risco de recorrência
Cofator de enzimas para crescimento dos enterócitos

Dose (10 a 14 dias)
< 6 meses: 10 mg/dia
>6 meses: 20mg/dia

Antimicrobianos
Shigelose (disenteria) com comprometimento do estado geral
Crianças com fator de risco para doença sistêmica (salmonela)
Suspeita de cólera
Parasitose

Contra- indicados
Refrigerantes
Inibidores da peristalse
Adsorventes
Antipiréticos
Antieméticos

Prevenção
Água e esgoto
Vacinação contra o rotavírus
Promoção do aleitamento materno
Promoção da higiene pessoal

Introdução de leite sem lactose é medida terapêutica plausível apenas em casos de diarreia persistente (> 14d), pois a permanência dos sintomas podem ser decorrente de intolerância transitória à lactose. Após agravo agudo à mucosa intestinal, pode haver perda do topo das vilosidades e, consequentemente, perda da lactase aí presente, levando a incapacidade transitória de “digestão”

Probióticos
Definidos pela OMS como qualquer microrganismo vivo (bactéria ou levedura) capaz de trazer benefícios ao organismo humano
Benefícios na prevenção e tratamento das gastroenterites infecciosas
Exemplos: Lactobacillus (produtores de ácido lático) e levedura (Saccharomices)
Mecanismos de ação:
  •        Colonizar a flora intestinal, competindo com agentes patogênicos
  •      Realizar imunomodulação local, ora estimulando o sistema imune local, ora inativando toxinas patogênicas
  •        Melhorar capacidade nutricional, facilitando, por exemplo, digestibilidade da lactose


DISENTERIA INFECCIOSA
Diarreia invasiva com presença de leucócitos e sangue nas fezes
Agentes etiológicos: E. coli (verotoxina), Shigella (Shigatoxina), Salmonella
Indicações de antibioticoterapia:
·         Disenteria com comprometimento do estado geral
·         Casos suspeitos de cólera com desidratação grave
·         Infecções sintomáticas por giárdia
Tratamento para salmonelose: recomendado para doença sistêmica, menores de 3 meses, doença gastrointestinal crônica, hemonoglobinopatias e imunossupressão

Shigella
Bactéria Gram negativa
Cursa com manifestações neurológicas
Convulsões associadas a quadros de gastroenterite aguda podem ser convulsões febris, quando a febre acompanha o quadro gastrointestinal, ou convulsões afebris associadas a complicações da gastroenterite aguda, como desidratação, distúrbios hidroeletrolíticos, hipoglicemia ou por propriedades neurotóxicas (como no caso da Shigella)

Produz duas toxinas: uma citotoxina (“toxina de Shiga”), que pode levar a quadro de síndrome hemolítico- urêmica, e uma neurotoxina

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