Considerações iniciais
Um bom preparo pré-operatório:
auxílio do especialista
Período intraoperatório: antibioticoprofilaxia,
manipulação cuidadosa dos tecidos, tempo cirúrgico
Período pós-operatório: avaliação
constante
FEBRE NO PÓS OPERATÓRIO
Desordem hipotalâmica da
termorregulação
Temperatura axilar 36,2 a 37,2ºC
– Febre > 37,7ºC
Patogênese: pirogênios exógenos e
endógenos (IL6, TNFa, IFNg)
Hipotálamo sintetiza PGE 2 e PGE
2A
Vasoconstrição periférica: abalos
musculares – termogênese
Causas de febre
Uso de drogas e hemoderivados
(incompatibilidade dos sistema ABO/Rh)
Cateteres e drenos
Flebites e trombose venosa
Celulite
Peritonite
Sinusite
Infecção da ferida operatória
Infecção urinária
Pneumonia/ atelectasia
Parotidite supurativa
A. Febre
intra operatória
B. Febre
nas primeiras 24h
C. Febre
entre 24 – 48h
D. Febre
após 72h
DESORDENS DA TERMORREGULAÇÃO
Hipertermia Maligna
Relacionado a alteração
cromossômica dominante
Exposição a agentes anestésicos
- Bloqueadores despolarizantes
- Agentes inalatórios halogenados
Substâncias favorecem a liberação
de cálcio muscular, gerando contração muscular mantida, levando a rabdomiólise,
hemoglobinúria, hipercalemia, produção de calor exacerbada
Tratamento
Interromper o agente anestésico
deflagrador
Hiperventilar o paciente com O2 a
100%
Administrar anestesia alternativa
Interromper a cirurgia assim que
possível
Dantrolene 2,5mg/kg em bolus a
cada 5 minutos, após, infusão contínua de 1 a 2mg/kg/h até cessar o evento
Uso de cobertores térmicos,
compressas geladas e infusão de líquidos parenterais frios
Tratamento da acidose
Controle de arritmias com
betabloqueadores e lidocaína
Promover aumento do débito
urinário com furosemida e manitol
Glico-insulino terapia
Monitoramento dos eletrólitos e
gases arteriais
Hipotermia
TC < 35ºC
Disfunção plaquetária e fatores da coagulação
Aumento risco de infecção
Piora da cicatrização
Redução de O2 tecidual
Aumento do tônus simpático
Arreflexia
Broncorreia – EAP
Hipotensão
Bradicardia
ECG – onda J de Osborne
Arritmias ventriculares
degenerando em assistolia
Mecanismos de regulação
Resposta hipotalâmica
Aumentar a geração de calor
Aumento da contratilidade
muscular
Elevação dos hormônios
tireoideanos
Elevação de cortisol
Elevação de catecolaminas
Medidas preventivas e
terapêuticas
Manta térmica
Líquidos infundidos aquecidos
Temperatura da sala adequada
COMPLICAÇÕES DA FERIDA OPERATÓRIA
Seroma
Acúmulo de soro e linfa no tecido
celular subcutâneo
Lesão benigna: acúmulo pela
reação local
Geralmente ocorrem em grandes
descolamentos subcutâneos
Tratamento: esvaziamento por
aspiração ou em grandes volumes retirada de pontos de sutura e esvaziamento do
líquido (dreno, por exemplo); Drenagem por pressão negativa
Hematomas
Acúmulo de sangue no tecido
celular subcutâneo
Benignas, porém cursam com dor
por questões irritativas (hemácias)
Compressão e infecção
Geralmente ocorrem em grandes
descolamentos subcutâneos
Volume
Prevenção: drenos de pressão
negativa
Tratamento: tratar infecção, se
presente; esvaziamento da coleção sanguínea e fazer hemostasia do vaso, se
necessária
Deiscência da ferida operatória
Separação dos folhetos músculo -
aponeurótico
Ocorre em aproximadamente 1 a 3%
das cirurgias abdominais
Mais frequentemente entre o 4º e
10º dia do pós operatório
Saída de secreção rósea ou salmão
pela ferida operatória na ausência de manifestações do tipo febre alta e sinais
peritoneais
Causas:
·
Técnica cirúrgica incorreta no fechamento de
aponeuroses e fáscias
·
Cirurgia de emergência
·
Infecção intra-abdominal
·
Idade avançada
·
Infecção de ferida, hematoma, seroma
·
Pressão intra-abdominal elevada
·
Obesidade
·
Uso crônico de glicocorticoide
·
Episódio anterior de deiscência
·
Desnutrição
·
Radioterapia ou quimioterapia
·
Doença sistêmica (uremia, DM)
Infecção do sítio cirúrgico
Complicação mais comum do pós
operatório
40% de todas as infecções
nosocomiais em pacientes cirúrgicos
Define- se como a infecção que
ocorre na incisão cirúrgica ou tecidos manipulados, dentro de 30 dias a 01 ano (no
caso de colocação de próteses) após o ato operatório
Manifesta-se comumente entre 5 e
6º dias de pós operatório. Bom prognóstico1
Pode variar desde infecções
superficiais, da pele e subcutâneo, passando por infecções mais profundas, da
parede abdominal, fáscias e planos musculares, chegando a infecções de órgãos
ou cavidades
Etiologia mais comum do processo:
infecção urinária (não relacionada diretamente à cirurgia)
Microrganismos mais envolvidos em
ISC são aqueles que colonizam a pele (S.
aureus, S. coagulase negativo) ou seja, fazem parte da flora bacteriana do
paciente
Fatores de risco
Necessário que o cirurgião retire
os pontos e explore a ferida manualmente, para avaliar se a infecção está
limitada à pele e tecido celular subcutâneo, ou se estende a tecidos profundos
(fáscia e músculo)
Tratamento: irrigação diária,
drenagem do material purulento, e desbridamento
Após manipulação, cobre-se a
ferida com gaze umedecida em soro fisiológico e completa o curativo com camada
mais superficial de gaze seca
Devem ser prescritos
antimicrobianos em casos superficiais caso o paciente apresente manifestações sistêmicas
de infecção (febre) ou presença de celulite de ferida operatória, e/ou
repercussões sistêmicas
COMPLICAÇÕES GASTROINTESTINAIS
Deiscência da anastomose:
abertura de víscera oca; situação grave
Fístulas gastrointestinais
Obstrução intestinal: mecânica
(tração, aderências) ou funcional (manipulação, distúrbios hidroeletrolíticos)
Deiscência da anastomose
Definição: separação de dois
tecidos com extravasamento do conteúdo
Anastomoses primárias: traumas
importantes, neoplasias, radioterapias
Solução de continuidade
Extravasamento
Alta gravidade
Fatores de risco: desnutrição,
técnica cirúrgica, estado de saúde do paciente, comorbidades, aumento da
pressão intra-abdominal (tosse, etc)
Fístulas gastrointestinais
Definição: Trajeto entre estruturas
que levam à sua comunicação
Causas
Iatrogênicas após ato cirúrgico
Lesão inadvertida de víscera oca
Drenagem de abscessos
Deiscência de anastomose
Doença de Crohn
Enterite actínica: relacionada a
doença inflamatória e fragilidade da parede
Ressecção de doença neoplásica
Ruptura do ducto pancreático –
trauma
Classificação
Fístulas internas –
enteroentéricas – enterovesical
Fístulas externas: 3 – 7 dias pós
operatório
Alto débito: > 500ml/24h (50%
dos casos)
Médio débito: 200 – 500ml/24h
Baixo débito: < 200ml/24h
Alterações clínicas
Distúrbios hidroeletrolíticos e
ácido-básicos
·
Desidratação
·
Hipopotassemia
·
Hiponatremia
·
Tendência à acidose metabólica
·
Hipocalcemia
·
Hipomagnesemia
·
Hipofosfatemia
Pode ocorrer situações de sepse
Êntero cutâneas: resposta
inflamatória (febre, taquicardia, taquipneia) no pós operatório, queda no
estado geral e saída de conteúdo entérico pela ferida operatória, com sinais de
irritação peritoneal possíveis
Evolução e tratamento
Fechamento espontâneo em 40 – 80%
Reposição hidro-eletrolítica
Antibioticoterapia
Dieta zero: diminuir produção de
líquidos que podem inclusive afetar a fístula
Drenagem cirúrgica
Inibidores da bomba de prótons
Bloqueadores H2
Análogos da somatostatina: inibem
secreção de determinadas substâncias intestinais
Intervenção cirúrgica
Obstrução intestinal
Resposta endócrino-metabólica ao
trauma
Obstrução intestinal precoce
(primeiros 30 dias após laparotomia) pode ter caráter funcional ou mecânico,
sendo as causas funcionais as mais comuns
Estase: Estômago de 24 a 48h /
Cólon de 48 a 72h
Íleo pós-operatório: não há fator
precipitante, e o tempo de adinamia não ultrapassa 2 a 4 dias (catecolaminas e Opioides
endógenos liberados na resposta ao trauma são os mediadores responsáveis pela
atonia intestinal)
Íleo adinâmico (paralítico):
obstrução se resolve de forma mais tardia, e geralmente se identifica
distúrbios precipitantes, como hipocalemia, infecções, medicamentos, etc.
Causas
Pancreatite
Infecção intra-abdominal
(peritonite ou abscesso)
Hemorragia e inflamação
retroperitoneal
Anormalidades eletrolíticas
Cirurgia prolongada
Medicações (narcóticos e agentes
psicotrópicos)
Pneumonia
Hipocalemia
Mecânicas (raras - <1%)
Bridas
Estudo radiológico e CT de abdome
Técnica cirúrgica
Equilíbrio metabólico hidro-eletrolítico
Cuidado com o uso de opiáceos
Alimentação: pobre em resíduos
(facilita o trânsito e o estímulo a peristalse)
Nova intervenção cirúrgica
COMPLICAÇÕES CARDIOVASCULARES
Hipertensão Arterial
Níveis elevados estão associados
a complicações gravíssimas (IAM, AVE)
Causas:
·
Laringoscopia
·
Sobrecarga de volume
·
Tração visceral
·
Hipotermia
·
Hipóxia
·
Dor
Tratamento:
·
Clonidina: bloqueador central
·
Dexmedetomidina: casos em que o doente precisa acordar
de forma rápida
·
Esmolol
·
Labetalol
·
Nitroglicerina: situações graves
·
Nitroprussiato de sódio: situações graves
Infarto agudo do miocárdio
Principal causa de morte em
idosos (30%) – 48h
Grave e silencioso
Manifestações hemodinâmicas:
hipotensão, disfunção diastólica, congestão pulmonar
ECG: infradesnível de ST, onda T
negativa
Troponina >1ng/ml
Tratamento: depende se transmural
ou sem supra de ST => abordagem clínica para IAM; A depender da gravidade,
angioplastia primária
COMPLICAÇÕES PULMONARES
25% das complicações em pacientes
cirúrgicos
Redução da capacidade residual
funcional
Capacidade vital pode estar
reduzida em até 50% nas primeiras 48h: para operações diafragmáticas
Tempo de anestesia: alguns
agentes anestésicos acabam por endurecer o tórax, diminuindo a complacência
pulmonar
DPOC
Atelectasia e Pneumonia
Evento mais comum
Pode causar febre
Prevenção: fisioterapia no pós
operatório e boa ventilação durante ato anestésico
Pneumonia
Broncoaspiração
Pneumonite – Pneumonia – SDRA
(irritação das estruturas alveolares)
Síndrome de Mendelson
Reflexos diminuídos
Alterações do esfíncter
esofagiano inferior
Gastroparesia
Cirurgia de emergência
SNG
Edema pulmonar e SDRA
Hipovolemia e congestão
Hipoxemia
Monitorização hemodinâmica
Barreira alvéolo-capilar
Exudato inflamatório – citocinas
Morte de pneumócitos I – membrana
hialina
Shunt: áreas perfundidas e não
ventiladas x áreas ventiladas e não perfundidas
Lesão do pneumócito II: falha na
produção de surfactantes
Tratamento: tratamento do pulmão
em choque – ventilação de volume controlado; mecanismo protetor alveolar – FiO2
a 60%; pressão de admissão não ultrapassar 40cmH2O e pressão de platô não
ultrapassando 30cmH2O
Tromboembolismo pulmonar
Tromboembolismo venoso – TVP
5 a 10% dos óbitos hospitalares
Exame clínico: sibilos
pulmonares, alterações hemodinâmicas por grandes obstruções da vasculatura
Profilaxia: bombas de compressão
periférica (botas pneumáticas), meias de compressão elásticas, heparina de
baixo peso molecular 40mg a cada 24h (começada antes do ato operatório)
Pode se estender a terapia para o
domicílio
Caprini – modified caprini risk assessment
model for VTE in general surgical patients
Risco de complicações pulmonares:
CONSIDERAÇÕES ADICIONAIS
Medicamentos
Anticoagulantes
Cumarínicos (warfarin): 5 dias +
solicitar INR
HNF: 6h antes + 24h depois (meia
vida mais curta)
HBPM: 24h antes e 24h depois
Emergência: se o paciente
utilizar cumarínico (warfarin) ->
plasma fresco 15mg/kg 1h antes + vitamina K; Se utilizar heparina não
fracionada -> Protamina 1mg: 100U HNF
Antiplaquetários
AAS: Manter no alto risco em
100mg
Suspender 7 a 10 dias no baixo
risco + cirurgias
Clopidogrel: 5 dias
Tienopiridínico: 5 dias
AINES: 3 dias
Antidiabéticos
orais e insulinas
Todos devem ser suspensos na
manhã da cirurgia (exceção da metformina – suspender 24h antes – aumenta risco
de acidose lática no perioperatório)
HGT 6/6h + insulina regular
esquema
Glicemia em torno de 140 e<
180mg/dL
NPH: 2/3 dose a noite+ ½ na manhã
Glargina: 30 a 50% noturna
Estrogênio
+ Tamoxifeno
Risco de tromboembolismo
Suspenso 4 semanas antes
Mantidos
na cirurgia
Anti-hipertensivo, estatina,
beta-bloqueador, corticoide, broncodilatador e medicamentos psiquiátricos em
geral
Tricotomia e Preparo da Pele
Não fazer tricotomia na véspera
do procedimento: aumento em 100% do risco de infecção
Realizar minutos antes do
procedimento
Cateterismo
Cateter vesical
·
Monitorização da perfusão
·
Procedimento longo
·
Cirurgia pélvica
·
Cirurgia urológica
Sonda
nasogástrica (em casos de riscos de episódios eméticos de repetição)
·
Esvaziamento lento
·
Estenose de piloro
·
Obstrução intestinal
·
Emergência
Antibioticoprofilaxia
Cirurgia limpa (classe I):
sem indicação de antibioticoprofilaxia. Exceções: uso de próteses e cirurgias
de alto risco (neurocirurgia e cardíaca)
Cirurgia limpa- contaminada
(classe II) e contaminada (classe III): Profilaxia recomendada –
cefazolina 1g IV na indução anestésica – manter no máximo 24h (germes de pele –
S aureus)
Exceções: íleo terminal, cólon e
reto - Ciprofloxacino / gentamicina +
metronidazol (cobertura de gram negativos + anaeróbios)
Cirurgia infectada – suja (classe
IV): Realizar tratamento. Não esquecer da investigação com cultura +
antibiograma. Antibióticos mantidos após 24h
Suporte Nutricional
Quando
indicar?
Perda ponderal > 10% em 6
meses
Perda ponderal > 5% em 1 mês
Previsão de jejum > 7 dias
(pós – operatório; ex: esofagectomia)
Pacientes instáveis
hemodinamicamente não devem receber suporte nutricional. O suporte enteral na
vigência de instabilidade hemodinâmica pode predispor à isquemia intestinal
Quais
proteínas refletem o status nutricional?
Pré-albumina: meia vida de 3 a 5
dias (mais sensível)
Transferrina: 7 dias
Albumina: 14 a 18 dias (<
2,5g/dL)
Quais são
os tipos de suporte nutricional?
Nutrição enteral (melhor
escolha): 4 semanas para efetividade
Nutrição parenteral (alternativa):
7 a 10 dias – diversas complicações (hiperglicemia, distúrbios
hidroeletrolíticos, aumento do risco de sepse)
Avaliação Hematológica
Quando
indicar transfusão sangue pré- operatório
Hb < 6g/dl
Hb entre 6 e 10g/dl +
comorbidades (doença isquêmica sintomática, doença cerebrovascular prévia)
Hb entre 6 e 10g/dl + previsão de
sangramento (cirurgias cardíacas, torácicas, oncológicas de grande porte, etc)
Distúrbios
plaquetários e transfusão de plaquetas
História de sangramento na
anamnese
Plaquetas < 50.000/mm³
Doença de von Willeband (ADH
intranasal ou IV)
Profilaxia
de tromboembolismo
Para todos os pacientes
Deambulação precoce, meias
compressivas e HBPM
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